Bispo de Beja defende que Bento XVI manifestou "grande coragem e lucidez intelectual"

O bispo de Beja, António Vitalino Dantas, considerou hoje que o papa Bento XVI manifestou "uma grande coragem" e "uma grande lucidez intelectual" ao decidir resignar, reconhecendo que o exercício do pontificado requer hoje "muita força física".
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"Acho que foi um ato de coragem do atual papa. Ele é muito inteligente, tem um grande amor a Deus e à igreja", mas "achou que as suas forças físicas estavam a falhar", afirmou o bispo de Beja, em declarações à agência Lusa.

O papa Bento XVI anunciou hoje oficialmente que vai resignar no próximo dia 28 ao pontificado devido "à idade avançada".

Contactado pela Lusa, António Vitalino Dantas mostrou-se algo surpreendido com a decisão de Bento XVI, mas sobretudo porque "já não era costume, há muitos séculos, um papa resignar".

Em relação à "idade avançada" do papa, que tem 85 anos, o bispo de Beja explicou que, em finais de novembro, quando esteve em Roma, constatou pessoalmente que Bento XVI estava debilitado fisicamente.

"Vi que as muitas audiências que ele tinha, os muitos compromissos, já lhe custavam um pouco a nível fisco. Ele procurou adaptar-se ao meio em que vivia e dava provas que de que sentia a presença das pessoas, reagia de maneira diferente, sorria, abençoava, mas estavam a falhar-lhe as forças", contou.

Por isso, "manifestou uma grande coragem e uma grande lucidez intelectual ao tomar esta decisão, coisa que já não acontecia há muitos séculos" na igreja, acrescentou.

Segundo António Vitalino Dantas, o "ofício de papa exige, hoje em dia, muita presença, muita lucidez e muita força física" da parte de quem o exerce, "para poder estar presente e não desiludir aqueles que vão ao seu encontro.

Ao contrário do que aconteceu com o seu antecessor, João Paulo II, o papa Bento XVI "nunca disse" que pretendia exercer o pontificado até morrer, lembrou Vitalino Dantas.

"E, agora, manifestou que realmente quer dar lugar a outro", para que o seu sucessor exerça "o ministério com mais força física", sublinhou.

O anúncio oficial da resignação do papa foi feito hoje durante um consistório no Vaticano.

Um novo papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de março, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, anunciando que um conclave deve ser organizado entre 15 e 20 dias após a resignação do pontífice.

O último chefe da Igreja Católica a renunciar foi Gregório XII, no século XV (1406-1415).

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